UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Saudades


Saudade não tem forma nem cor; 
não tem cheiro nem sabor.
Fala-se nela, mas não se vê; 

só pensa nela quem acredita.
Ela é parte da ausência; ela é parte do amor; 

ela tem realidade, mas quem a tem sente dor, 
uma dor miudinha, que cresce no coração, 
e que nunca vem sozinha...
Acompanha a solidão; 

quem a sente nunca esquece, 
nem nunca esquecerá, 
o sentimento que não adormece, 
por alguém que não está!

(Autora: Rita. M. F. Silva)

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