UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Som do Silêncio



A volta eterna as coisas simples acontece
quando estamos de bem com o mundo
e mergulhados no curso da vida.
O brilho de uma jarra, o canto de uma criança
na casa vizinha, um cão que late na distância.
De mãos dadas com a realidade,
não somos a favor nem contra:
As coisas existem e nós as amamos porque existem.

(Autor: Luiz Carlos Lisboa)

Nenhum comentário: