UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 21 de agosto de 2011

Não corra atrás das borboletas


Numa bela manhã de sol,
Notei que minhas borboletas,
Não mais estavam em meu jardim...
Rosas balançam tristes nos seus pés...
E suas lágrimas de orvalho, pendiam
Como olhos vermelhos em noites
De insônia, agonia e abandono...
Minhas borboletas debandaram,
A verdinha que era a preferida
E que fazia minha esperança bendita,
Já não sobrevoava minha cabeça...
Entreguei minha alma na dor
Da cruel e inesperada partida...
Elas já não traziam o odor da relva,
Das gostosas chuvas de verão...
Para onde teriam ido todas elas?...
Era tão cheiroso e lindo o meu jardim,
Tão inocente e leve o meu coração!
Meus olhos, alma e pensamento,
Prantearam delas o enorme vazio...
Quando a borboletinha branca
Apareceu e sobre meu ombro bailou
Em zig e zag, provocando doce arrepio...
Meu sorriso se fez presente, brotou feliz
E acompanhou seu vôo...
E muitas outras foram chegando
Beijando todas as flores e folhas...
Compreendi então, que a tristeza
Me impedia de ver como eram belas
Suas coloridas e diáfanas asas...
Hoje quando amanhece, abro
A janela, todas estão à minha espera,
Como maravilhosa e eterna primavera!
(Autora: Mary Trujillo)

Nenhum comentário: