UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nos Distúrbios da Razão


Eu sei! Que todos os sentidos são de amor!
Não me adianta dizer que existe um mal...
O meu coração ao seu coração inda é igual
A de todos que dizem sentir no peito a dor...


Por quê? Não sabes? Que ao teu esplendor
Tu és na busca do teu bem um ser anormal?
Sabes que te amará sobre tudo que for fatal
A conhecer o que te buscas no seu langor?

Eu sei! E tu sabes! Que, viverás sem perder
Todos os sentimentos que te levam a crescer
Sem pensar no amor que na alma todos têm!

Mas que tu não sejas esplêndido de paixão...
Que tenhas no teu ser o bom ânimo da razão
A sofrer os distúrbios da vida d’um alguém!

(Autor: Walter Silva - Poeta Dolandmay)

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