UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Somos Tão Breves

Que jamais percamos nossa essência
Nem sejamos contaminados
por uma sociedade ativista,
onde "humanos" ocupam-se
em demasia em realizar.


Muito mais que fazer é ser!
Ser sal!
Ser luz!
Somos tão breves.

Há uma urgência em viver e vivenciar
cada minuto da existência,
Marcando nossa passagem
com as mais belas notas musicais,
Em harmonia junto aos pardais.

E, ao final da jornada,
quando a noite chegar,
o dia não mais clarear,
o olhar vazio perder-se no tempo
ficarão apenas os jardins plantados
por vezes regados,
e uma indagação no eco do vento.

(Autora: Arnalda Rabelo)

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