UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 21 de agosto de 2011

Canto à Lua


Canto... meu canto triste de solidão.
Olho-te Lua minha companheira.
Em teu brilho a sua suave dor.
Igual a mim. Amigas de desamor
Distância de amor intransponível.
Diga-me companheira como conter!
Lágrimas que a vida faz transbordar.
Lua tens a energia de teu amado.
Embora longe o Sol está a te agasalhar.
Mas eu... desolada, sozinha em canto.
Olho-te Lua, vem a mim afaga meu pranto.
Dê-me um pouco de sua coragem.
Canto... eu canto!
Para que acordar se meu Sol não vem me ver.
Ah... são momentos de angústia sim.
Falta de calor congela meu ser.
Quero voltar logo ao anoitecer.
Olhar-te junto as estrelas, fechar os olhos
Sonhar... sonhos impossíveis de acontecer.
Lua... tire de mim o opaco da compaixão.
Prefiro ser sombra em busca de paixão.
Canto a sua e a minha dor, aquieto alma
Adormeço, esperando esquecer desilusão.
Embale-me em seus braços, até o dia amanhecer.
Canto... eu canto!
Canto... canto baixinho enquanto corpo
Deságua fadiga de procura em vão.
Coração busca razão em todas as ações
De tempos de busca por enigma sem explicação.
Lanço-te súplicas de acalento, tormento
Minha alma padece em desassossego.
Enleve meus pensamentos para Alegorias
Momentos felizes de vida atribulada
Queria meu coração de volta, restaurar.
Plantar flores perfumadas e coloridas
para renascer a alegria em meu ser.
Canto... eu canto!
(Autora: Regina Ferreira)

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