UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Amor


Para mim, o amor é mais ou menos como o sol.
Nasce de manhã cedinho, entra pelas frestinhas da janela
iluminando o quarto e o coração,
deixa a vida e os dias mais bonitos.
Aquece as tardes e o peito.
O amor nos livra do escuro,
melhora o humor e faz a gente lançar olhares
abobalhados para o horizonte e para o céu.
Faz a gente se despir e seca as roupas no varal.
Se engana quem pensa que ele é constante.
O amor às vezes queima e muda de cor.
Ele pode até enfraquecer em alguns momentos do dia,
mas normalmente ele é forte.
O amor está sempre se pondo.
Mas, sabe, eu boto fé nisso: o amor de verdade
é igualzinho ao sol.
Ele sempre renasce, mesmo que alguns dias
tenham nuvens ou chuva forte.
E brilha até o infinito.

(Autora: Clarissa Corrêa)

Nenhum comentário: