UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 30 de junho de 2013

Nossos Santos Juninos


É freqüente vermos, em junho, escolas e comunidades promovendo as famosas Festas Juninas que nasceram das devoções aos santos honrados neste mês: São João, Santo Antônio e São Pedro.
 
Queremos, com esta peça, apresentar um teatro alegre, mas que ao mesmo tempo seja uma catequese sobre estes santos tão queridos pelo povo. Caso não consigam o texto “Santos Juninos”, referido na peça, preparem uma breve apresentação da identidade dos santos juninos.

Trabalharemos com duas realidades no palco, a dos santos no céu e a das pessoas na terra. Se tiverem como usar refletores, ajudará muito na troca das cenas.

Entra um personagem com o figurino de caipira e recita o texto “Santos Juninos”. Ao terminar, sai o personagem e dá-se o foco nos santos João, Antônio e Pedro que estão conversando.



João: Meus Santos amigos, estou ficando mais velho, dia 24 de junho estou de aniversário. A velhice se aproxima. (risadas)
Antônio: E quantos anos faz o amigo João Batista?
João: Olhe, Toninho, muito mais do que você pensa... (risadas) Faça as contas: eu nasci seis meses antes de Jesus... Isso dá nada mais, nada menos que dois mil e cinco anos.
Pedro: É, tá velho mesmo (risadas)
João: Olha quem fala... Você já era bem velho quando Jesus lhe chamou. E agora, no dia 29 de junho, também você ficará mais velho. (risadas... eles trocam abraços)

De repente eles param para ouvir. Uma pessoa da terra faz um pedido, só a voz.

Mulher: Oh! Meu milagroso Santo Antônio, fazei com que aquele por quem meu coração chama, ouça a minha voz e, ouvindo-a, vá aos pés de Deus Nosso Senhor comigo, vossa humilde devota. Amém.
Pedro: Ih, isso é com você Antônio!
Antônio: Ah, eu gosto muito de ajudar este tipo de pessoa. O problema é que Jesus já não agüenta mais tantos pedidos que eu o apresento.
João: É mesmo. Só ontem eu levei até ele 6.346 pedidos de casamento.
Pedro: Ah João, você também está metido com este tipo de problema?
João: Sempre estive! Minha fama também é de ser um santo casamenteiro. E não só, pois assim como o amigo Antônio, temos o poder de encontrar objetos perdidos. Mas, para os desinformados (aponta para Pedro), sou também protetor dos casados e dos enfermos.
Antônio: E você, Pedro?
Pedro: Ah, eu sou considerado o protetor das viúvas e dos pescadores.

Ficam em silêncio sem saber o que falar. Instala-se um momento de tédio.

Antônio: Vejam rapazes, às vezes me sinto triste.
João: Mas como Antônio, nós estamos no céu, aqui não há tristeza!
Antônio: É verdade, mas trata-se de uma tristeza diferente, Joãozinho. É que sinto uma vontade enorme de participar da festa do meu aniversário. Embora seja no dia 13 de junho, meus amigos me festejam o mês inteiro.
Pedro: Então façamos uma festa nós aqui!
João: Ótimo! E convidemos os Serafins para tocarem cornetas e harpas. Ah, Santa Cecília poderá ajudar também!
Antônio: Mas é diferente amigos, parece que vocês não entendem, lá as pessoas dançam forró, fazem fogueiras, tem pé-de-moleque, balões e o que eu mais gosto: a dança de quadrilha.
Pedro: Eu tenho uma sugestão...
João: Lá vem o chefe... (risos)
Pedro: É sério João. Ele poderia se disfarçar e ir para o meio do povo.
Enquanto isso nós agüentamos as pontas aqui.
Antônio: Ah, vocês são uns santinhos mesmo. (eles se entreolham, riem e saem)

O outro lado do palco já deve estar enfeitado com símbolos de festa junina e inicia-se a música adequada. Há várias pessoas: conversam, dançam, pulam a fogueira...
Santo Antônio caminha disfarçado por entre as pessoas. Ele pára e começa a ouvir duas mulheres conversando com sotaque.

Mulher 1: Ah, Nestorina, tenho certeza absoluta que o Silvinho vai ficar caidinho por mim, amanhã mesmo!
Mulher 2: E como tens tanta certeza assim, ô abobada?
Mulher 1: Ah, simples. Ontem fiz a simpatia de São João. É tiro e queda. O Santo não tem como negar!

Ele olha para a platéia e levanta os ombros como se não soubesse de nada. Elas continuam conversando enquanto ele se afasta e dá de cara com um bêbado procurando algo.

Bêbado: Oh, não tá enxergando não? Tá bêbado é ô traste. (Antônio se afasta e o bêbado procurando algo no chão recita a oração) Meu Santo Antônio, ajude a achar o meu único tostão, pois cachaça não cai do céu não!

Antônio balança a cabeça negativamente e se afasta desconsolado. Ele tenta se animar andando pela festa, pula a fogueira e se depara com outras pessoas conversando.

Pessoa 1: Mas é mesmo, e como sofre o pobre Santo Antônio!
Ele fica curioso.
Pessoa 2: É verdade. Mas qual é a última agora?
Pessoa 1: A última é que as moças começaram a pegar o Santo, o amarram pelo pescoço com um cordão bem grosso, e depois o jogam na escuridão da cacimba de um poço!
Pessoa 2: Que coisa horrível a fazer com nosso santinho...
Pessoa 1: É o desespero de arrumar homem, querida. Contam até a história de uma moça do interior que não encontrando marido, após tantas simpatias, pegou Santo Antônio e, pela janela do sobrado onde morava, jogou-o na rua.
Pessoa 2: E daí, o que aconteceu?
Pessoa 1: Ah, mas eu te conto. No exato momento ia passando pela frente de sua casa um rapaz que por pouco não foi atingido pelo santo. O rapaz apanhou o santo, subiu as escadas do sobrado, com a intenção de devolvê-lo à moça desesperada e um se agradou do outro, namoraram, noivaram, casaram e foram muito felizes...
Pessoa 2: Êta santo porreta, hein!

Antônio parece feliz, mas também desapontado. Ele sai do palco enquanto a música junina vai mixando com a clássica. Em foco, o céu. Pedro e João conversam, quando entra Antônio desanimado.

João: Ô meu Santo Antônio, como foi a sua festa?
Antônio: A minha não, ouvi por lá que a festa é para nós três!
Pedro: Mas que desânimo é este? Cadê a alegria do forró, da quadrilha, da fogueira...
Antônio: Olha irmãos, é preferível ouvir harpa com segurança ao lado dos santos, do que ao som do forró ser enforcado, afogado e lançado pela janela.

Todos caem na gargalhada. Enquanto saem abraçados e rindo, pode-se iniciar um música de forró.

(Fonte: missaojovem.com.br)

sábado, 29 de junho de 2013

29 de Junho - Dia de São Paulo


Ó São Paulo, 
vós que cumprindo a vontade de Deus, 
manifestada por vozes de anjos, 
de espada em punho, 
vos lançastes a luta por Deus 
e pelo povo Hebreu e Gentio, 
ajudai-me a perceber no meu íntimo,
 as aspirações de Deus. 
Com o auxílio da vossa espada, 
fazei recuar os meus inimigos que atentam 
contra a minha fé e a minha pátria.
São Paulo, ajudai-me a vencer as dificuldades no lar,
 no emprego, no estudo e na vida diária. 
Que nem opressões,
 nem ameaças e nem processos me obriguem a recuar, 
quando estou com a razão e a verdade.
São Paulo, iluminai-me, 
guiai-me, fortalecei-me, 
defendei-me.
Amém.

(Fonte: cancaonova.com)

Oração de São Pedro


São Pedro,
a vossa fraqueza humana
vos levou a negar por três vezes o bom Mestre;
mas as vossas lágrimas de arrependimento 
vos alcançaram o perdão.
Ó grande santo,
dai-me a graça de vencer
as minhas fraquezas humanas
  e fazei que a vossa fé e o vosso amor
para com Cristo sejam para mim estímulo
que me leve a vos imitar;
e assim, imitando-vos na fé e no amor a Cristo,
tenho a certeza de que, quando eu morrer,
vós me haveis de receber de braços abertos
na porta do reino dos céus.

São Pedro, abençoai o Papa,
protegei toda a igreja,
confirmai os irmãos na fé.
Amém.

(Fonte: orar.net.br)

Oração a São Pedro


    Gloriosíssimo São Pedro, 
creio que vós sois o fundamento da igreja,
 o pastor universal de todos os fiéis,
 o depositário das chaves do céu,
 o verdadeiro vigário de Jesus Cristo; 
e eu me glorio de ser vossa ovelha, 
vosso súdito e filho. 
Uma graça vos peço com toda a minha alma;
 guardai-me sempre unido a vós
 e fazei que antes me seja arrancado do peito
 o coração do que o amor e plena submissão
 que vos devo nos vossos sucessores,
 os Pontífices Romanos.

    Viva e morra como filho vosso
 e filho da Santa Igreja Católica, 
Apostólica, Romana.

    Assim seja.

(Fonte: orar.net.br)

Dia 29 de Junho - Dia de São Pedro


Simão, natural da Galiléia, era filho de Jonas e pescador de profissão. Era sócio com seu irmão André e com Tiago e João, de uma pequena frota de barcos pesqueiros.
 
Durante um período de baixa estação de pesca André, seu irmão, encontrou Jesus e comentou com seu irmão sobre o “messias”. Simão quis conhecer Jesus e foi observado por ele. Nele via um homem autoritário, impulsivo, entusiasmado, franco, bondoso e extremamente generoso. Jesus, elegeu-o um de seus escolhidos: "a partir de hoje você vai se chamar Pedro". A partir desse dia, Simão não seria mais pescador de peixes, mas sim de novos homens.

Pedro renegou a Jesus por três vezes. Mas também várias vezes professou sua fé. "aonde iremos, senhor, se só tu tens palavras de vida eterna?" "tu é o cristo, o filho do deus vivo". "senhor, tu sabes que te amo". Pedro era o principal apóstolo. Esteve presente nas bodas de Canaã. Foi ele que, em companhia de João foi encarregado de preparar o cenáculo, para a celebração da páscoa.

Quando Jesus foi preso, apenas Pedro e João, o seguiram. Reconhecido, porém, como um dos discípulos, negou que conhecesse Jesus. Chorou muito e se arrependeu, por mais esta negação.

No ano de 64 Pedro estava preso condenado a morrer crucificado. Conseguiu convencer seus carrascos a crucifica-lo de cabeça para baixo, porque não se achava digno de ser tratado como seu divino mestre.

Dia 29 de junho, antigo dia da festa de Rômulo e Remo, considerados pais de Roma, foi escolhido como o dia para a festa de São Pedro e São Paulo.

Depois da ressurreição, Jesus aparece pela 3ª vez aos seus discípulos, junto ao mar de Tiberíades. Depois de terem comido, Jesus dirige-se a Pedro:
"Simão, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros". E por três vezes Jesus faz a mesma pergunta e lhe ordena para que pastoreie seus cordeiros (Jo 21,15-17). Era a investidura oficial a Pedro para ser o Vigário de Cristo, o Pastor Supremo do Rebanho do Mestre.

Os primeiros 10 capítulos dos Atos dos Apóstolos, descrevem a atuação marcante do apóstolo Pedro, o grande líder da comunidade cristã após a morte de Jesus. É ele quem integra Matías ao colégio dos Apóstolos para substituir Judas; é ele quem faz o primeiro discurso no dia de Petencostes, convertendo 3.000 pessoas; é ele quem realiza o primeiro milagre, curando o homem coxo. Também é ele o primeiro a ser preso como responsável pela nova religião e quem convoca o primeiro concílio dos apóstolos, tomando a palavra no conclave.

Há provas irrefutáveis de que foi sepultado onde hoje está a maior igreja do mundo: a Basílica do Vaticano.

Considerado o protetor das viúvas e dos pescadores, São Pedro é festejado no dia 29 de junho com a realização de grandes procissões marítimas em várias cidades do Brasil. Em terra, os fogos e o pau-de-sebo são as principais atrações de sua festa.

Depois de sua morte, São Pedro, segundo a tradição católica, foi nomeado chaveiro do céu. Assim, para entrar no céu, é necessário que São Pedro abra as portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de fazer chover. Quando começa a trovejar, e as crianças choram com medo, é costume acalmá-las dizendo: "É a barriga de São Pedro que está roncando" ou "ele está mudando os móveis de lugar".

No dia de São Pedro, todos os que receberam seu nome devem acender fogueiras na porta de suas casas. Além disso, se alguém amarrar uma fita no braço de alguém chamado Pedro, ele tem a obrigação de dar um presente ou pagar uma bebida àquele que o amarrou, em homenagem ao santo (TE PREPARA PEDRO(S)!). É o folclore!

A fogueira de São Pedro é triangular. Vocês já perceberam que o fogo é uma parte importante nos ritos juninos. Segundo a tradição a fogueira de Santo Antonio é quadrada, a de São João Redonda (alguns fazem quadrada).

(Fonte: ceudaluacheia.org.br)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Canção


Não quero ver esta rosa,
nem saber por que floriu.
A cor mais bela do Arco-íris
foi a cor que ninguém viu.

Não quero ouvir este canto,
nem saber de seu sentido.
Quem é que me conta
o que foi perdido?

(Autor: Emílio Moura)

Á boca da noite


Não olhes: é a noite
completa que tomba.

Não olhes: é a estrada
que, súbito, acaba.

Não olhes: é o anjo,
teu anjo que chora.

Não olhes.

(Autor: Emílio Moura)

Com é bom ser bom


Tu, que vês tudo pelo coração,
Que perdoas e esqueces facilmente,
E és, para todos, sempre complacente,

Bendito sejas, venturoso irmão.

Possuis a graça como inspiração
Amas, divides, dás, vives contente,
E a bondade que espalhas, não se sente,
Tão natural é a tua compaixão.


Como o pássaro tem maviosidade,
Tua voz, a cantar, no mesmo tom,
Alivia, consola e persuade.


E assim, tal qual a flor contém o dom.
De concentrar no aroma a suavidade,
Da mesma forma, tu nasceste bom.


(Autor: Martins Fontes)

Permita-se


Cada dia é um novo dia
Jamais um dia será igual a outro
Por isto não perca a chance
De se dar uma nova oportunidade.

A cada dia permita-se ser melhor
Pois este dia
E estas oportunidades
Não se repetem.

Conserte o mundo a partir de você
Nunca a partir dos outros
O mundo só será melhor se você melhorar.

Os dias serão mais belos
Se você se permitir novas chances
Se você perceber
Que a sua felicidade está em suas próprias mão.

(Autor: Mário Feijó)

Antiga Prece Celta


Que o caminho venha ao teu encontro.
Que o vento sempre sopre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre teus campos.
E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão.
Que vivas todo o tempo que quiseres
e que sempre possas viver plenamente.
Lembra sempre de esquecer 
as coisas que te entristeceram,
porém nunca esqueças de lembrar
 aquelas que te alegraram.
Lembra sempre de esquecer 
os amigos que se revelaram falsos,
porém nunca esqueças de lembrar
 aqueles que permaneceram fiéis.
Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram,
porém nunca esqueças de lembrar as bênçãos de cada dia.
Que o dia mais triste de teu futuro
não seja pior que o dia mais feliz de teu passado.
Que o teto nunca caia sobre ti
e que os amigos reunidos debaixo dele nunca partam.
Que sempre tenhas palavras cálidas em um anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que o caminho sempre se abra à tua porta.
Que vivas cem anos, com um ano extra para arrepender-te.
Que o Senhor te guarde em sua mão, .
e não aperte muito seus dedos.
Que teus vizinhos te respeitem,
 os problemas te abandonem,
os anjos te protejam, e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas Celtas te abrace.
Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga, e a cada dia e
cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para a chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha 
com tudo o que desejas.
Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos de teus filhos,
que o infortúnio te seja breve 
e te deixe rico de bênçãos.
Que não conheças nada além da felicidade, 
deste dia em diante.
Que Deus te conceda muitos anos de vida;
com certeza Ele sabe que a terra não tem anjos suficientes...
...e assim seja a cada ano, para sempre!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Renúncia


Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
toda a expressão do humano sofrimento.
A gente esquece assim como se fosse
um voo de andorinha em céu nevoento.

Anoiteceu de súbito. Acabou-se
tudo... A miragem do deslumbramento...
Se a vida que rolou no esquecimento
era doce, a saudade inda é mais doce.

Sofre de ânimo forte, alma intranquila!
Resume na lembrança de um momento
teu amor. Olha a noite: ele cintila.

Que o grande amor, quando a renúncia o invade
fica mais puro porque é pensamento,
fica muito maior porque é saudade.

(Autor: Olegário Mariano)

Sussurro


Aquiete-se para ouvir o silêncio;
a clorofila escorre pela haste,
a sombra e o sol ecoam um contraste
de quentes e frios na linha divisória.
Tente escutar a história da brisa
quando passa empurrando
a bruma, que, tola, embaça a púrpura da rosa.
Esta conta prosa de sacerdotisa.
Faça atenção ao momento de explosão
da metamorfose
que irrompe em grande dose
de véus e açúcares.
Sinta o cochilo dos nenúfares.
Se conseguir atingir
o ponto mais profundo da quietude,
vai poder ouvir o coração do colibri.
Ele bate minúsculo num peito passarinho.
A Terra se mobiliza para entoar
uma sonata azul em homenagem
a esse músculo coberto de plumagem,
que tão pequenininho é tão capaz de amar.

(Autora: Flora Figueiredo)

Hora Memória


Há rostos que nunca se irão.
Outros jamais veremos
mas aí estão,
sempre.
Nunca conheceremos todos
os convivas.
Nem os mais próximos.
Sequer o irmão.
A memória retém os
que devem ficar.
Mesmo os que, fugazes,
teimam em partir.
Lembrar é fingir.


(Autora: Antonio Fernando de Franceschi)

A Outra Face da Vida


Nada revela o trabalho,
Tão sorrateiro, do tempo,
Nas profundezas do ser.


Como um “iceberg” enorme,
Tudo gira, de improviso.
Muda-se o plano da vida
Pra face desconhecida.


Um ângulo de luz tão diferente
Incide nos mais claros pensamentos...
Quantas lacunas inobservadas,
Com seus abismos desconcertantes!
O que era terra firme e segura,
É gelo móvel e flutuante.


(Autora: Helena Kolody)