UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Lua Amarela


Não lamentes idos amores, lua amarela,
pois ainda preservas teus encantos
e envolves mortais em tua trança
desde imemoráveis gerações.
Não chores, embora solitários errantes
sejamos, e sobrevivas tão mais a mim.
A noite é apenas uma assombrosa
E sonora chance – dá-me tua mão, assim,
Sai de teu canto – e que comigo dances.

(Autor: Fernando Campanella)

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