UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cores da Amizade


Houve uma vez que as cores do mundo
 começaram uma disputa entre si.
Cada uma reivindicava para si que era a melhor.

A mais importante. A mais útil. A favorita...

A cor verde disse:

- "Claro que sou a mais importante. Eu sou sinal de vida e de esperança. 
Eu fui a escolhida para rama, árvores e folhas. 
Sem mim, morreriam todos os animais.
 Examine o campo e verá que sou maioria".

A cor azul interrompeu:

- "Você só pensa na terra, mas deve considerar o céu e o mar. A água é a base de vida e é retirada pelas nuvens do mar profundo. O céu dá espaço e paz e serenidade. Sem minha paz, você não seria nada".

Amarelo riu:

- "Você é sempre tão séria. Eu trago risada, alegria, e calor para o mundo. O sol é amarelo, a lua é amarela, as estrelas são amarelas. Toda vez que se olha para um girassol, o mundo inteiro começa a sorrir. Sem mim não haveria nada divertido".

Laranja, estando próximo, colocou a boca no trombone:

- "Eu sou a cor da saúde e força. Eu posso estar escassa, mas eu sou preciosa porque eu sirvo as necessidades da vida humana. Eu levo as vitaminas mais importantes. Pense em cenouras, abóboras,  laranjas e mamões. Eu não fico vadiando o tempo todo, mas quando eu encho o céu ao amanhecer ou no pôr-do-sol, minha beleza é tão impressionante que ninguém mais pensa  em qualquer uma de vocês".

Vermelho não aguentou por muito tempo e gritou:

"Eu governo todos vocês. Eu sou sangue - o sangue de vida! 
Eu sou a cor de perigo e de  coragem.   
Eu estou disposto a lutar por uma causa.
 Eu trago fogo no sangue. 
Sem mim, a terra estaria tão vazia quanto a lua. 
Eu sou a cor da paixão e do amor".

Rosa já cheia de tudo, falou com grande pompa:

- "Eu sou a cor da realeza e do poder. 
Reis, chefes, e bispos sempre me escolheram
 porque eu sou sinal de autoridade e sabedoria. 
As pessoas não me questionam! Elas escutam e obedecem".

Finalmente índigo, muito mais calma que todas as outras,   
mas da mesma maneira  e com muita determinação:

- "Pensem em mim. Eu sou a cor do silêncio. 
Vocês nem sempre me notam, 
mas sem mim todos vocês ficam superficiais.
 Eu represento o pensamento e a reflexão,
 crepúsculo e água profunda. 
Vocês precisam de mim para o equilíbrio 
e para o contraste, para a oração e para a paz interior".

E assim as cores se ostentavam, cada uma se convenceu 
de sua superioridade.  A disputa cada vez mais acirrada. 
De repente um flash surpreendente de um trovão iluminou tudo.

A chuva verteu implacavelmente.

As cores se encolheram de medo, 
enquanto procuravam ficar perto uma da outra.

No meio do barulho, a chuva começou a falar:

- "Vocês cores tolas, lutando entre si, 
cada uma tentando dominar as outras.
 Vocês não sabem que cada cor traz um propósito especial, 
nem igual e nem diferente?  Deem as mãos e venham a mim".

Fazendo como lhes fora dito, 
as cores se uniram e deram-se as mãos.

A chuva continuou:

- "De agora em diante, quando chover, 
cada uma de vocês esticará pelo céu em um grande 
arco de cor para lembrar que se pode viver em paz.   
Criarão o Arco-íris. 
E o Arco-íris será sempre um sinal de esperança".

E assim, sempre que uma boa chuva lava o mundo,  
 um arco-íris aparece no céu, mostrando a amizade 
entre as cores que dura até hoje e durará para sempre.

(Fonte: Inspirational Stories - Tradução de Sérgio Barros)

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