UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Me dê forças

Diante da mão que pede,
Peço a Deus que me dê forças para não negar.

Diante da mão que bate,
Peço a Deus que me dê forças para não revidar.

Diante da mão que separa,
Peço a Deus que me dê forças para sempre saber unir.

Diante da mão que é força,
Peço a Deus que me dê forças, a força que não faz o ferir.

Diante da mão injusta,
Peço a Deus que me dê discernimento para saber dividir.

Diante da mão que mata,
Peço a Deus que me dê forças para fazer reviver.

Diante da mão que rouba,
Peço a Deus que me dê forças para saber entender.

Diante da mão que aponta,
Peço a Deus que me dê forças para saber como julgar.

Diante da mão que condena,
Peço a Deus que me dê forças para saber defender.

Diante da mão que se omite,
Peço a Deus que me dê forças para ter coragem.

Diante da vida como se mostra quero entender a morte.
Como o amanhã Daqueles que souberam viver.

(Autor: Cosmo Palasio de Moraes Jr.)

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