UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Notícias Livres


Chove um dia de maravilhas interiores
neste jardim que tudo compreende
e onde está fincada a alma das plantas,
apaziguada.
Sabe-se que os olhos estão acesos
e o dialogo que interromperam
se continua com a chuva.
Mais do que se pode conhecer,
permanece nos pequenos ramos:
ainda mais soberanamente,
que agora lavados.

Quando a chuva parar, outra dança
(irregular, porém perfeita)
vai ressurgir de insetos e zumbidos.

Este é o jornal do jardim de hoje.


(Autor: Jorge Wanderley)

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