UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Só os mortos não morrem

Só eles a mim me restam, 
são tranquilos e leais
os que a morte não pode matar
 mais com seus punhais.

Ao declinar da estrada,
 no final do dia
em silêncio se acercam, 
em sossego seguem minha via.

Verdadeiro pacto é o nosso, 
nó que o tempo não desmente.
Só aquilo que perdi é meu eternamente.

(Autor: Rachel Bluwstei - Tradução de Nuno Guerreiro Josué)

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