UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

De repente

De repente, ele já não estava mais ali...
Ele, o amor, aquele amor urgente
Não estava mais do lado
Não estava perto
Não estava na rotina
Mas estava na gente
E tinha que esperar...

Como uma estação que se vai
Como a neve que cai
Como as coisas que se partem
O amor foi de leve, sutilmente partindo...

Meu amor foi para a guerra
E meu campo fez-se muralha
Fortaleza de fé
De um único senhor
Um único amor.

Meu amor espera
Como o outono espera pela primavera
As folhas caem... E o amor dói .
Plátanos decoram meu chão
E o que conforta é que sei
Que as flores vêm
Elas sempre virão.

(Autora: Carolina Salcides)

Nenhum comentário: