UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Até quando?

Até quando terás de mim esta impressão de mulher perfeita ?
Até quando terás teus olhos enfocados nas virtudes do meu coração dourado ?
Até quando guardarás minhas palavras a sete chaves no teu relicário ?
Até quando verás em mim o anjo mais brilhante do teu santuário?

Mesmo que eu não queira,

O tempo inevitavelmente te falará dos meus pecados
Encontrarás breu, muitas e muitas vezes no meu coração dourado
E por antecipação, já sofro ao ver-te de alguma forma decepcionado
Por tudo que eu quis que desse certo e deu errado.

Assim sendo,

Nunca olvides a minha humana condição
Dar-te-ei algumas involuntárias pedras e dentre elas alguma flor
Presentear-te-ei com versos puros de efêmera ilusão
E, em branco e preto, declinar-te-ei os róseos tons do meu amor.

(Autora: Fátima Irene Pinto)

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