Tempo!
Bendito tempo,
que as dores sempre acalma,
que aquieta as más lembranças,
que preserva a criança
que levo escondida em minh'alma.
Bendito tempo,
que as dores sempre acalma,
que aquieta as más lembranças,
que preserva a criança
que levo escondida em minh'alma.
Tempo!
Maldito tempo,
que marca meu rosto com garras,
que passa sobre meus sonhos,
que rasga a mágica tênue
da vida que se esvai nas floradas.
Tempo,
pudesse te dominar,
sem medo, sem pejo de nada,
um tango iria dançar
e enfeitar de alegria
os minutos que em mim se abrindo
nunca iriam passar.
pudesse te dominar,
sem medo, sem pejo de nada,
um tango iria dançar
e enfeitar de alegria
os minutos que em mim se abrindo
nunca iriam passar.
Ah, tempo,
pudesse te segurar
bem firme por entre os dedos,
fixaria poentes
em cores de obra-prima,
teceria belos casulos
de luar e de neblina
para guardar meus segredos.
E os bem-te-vís, tempo,
os ouviria cantar,
sem pressa, parada no cais,
lembrando quem bem-me-viu,
e que levaste em tuas asas
para o mundo do nunca mais.
Tempo!
Não tires assim meu alento,
preciso já construir
as pontes dos bons intentos,
romper distâncias, calar o pranto
enquanto busco o amor,
que de maldade escondeste
nas trevas do desencontro.
Tempo, fique mais,
quero rever o mar,
de longe e de perto amar,
desfolhar muitos azuis,
resplandecer em auroras,
esquecida que nas horas
estás depressa a passar.
Por fim, como anjo vadio,
planando sem eira nem beira,
sobre abismos de saudade,
hei de mostrar-te a verdade:
não podes comigo, tempo,
sou filha da eternidade.
planando sem eira nem beira,
sobre abismos de saudade,
hei de mostrar-te a verdade:
não podes comigo, tempo,
sou filha da eternidade.
(Autora: Maria Lucia Victor)
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