UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LIVRO: A Mão de Fátima


Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Ildefonso Falcones

Sinopse: Em 1568, nos vales e montanhas das Alapujarras, rebenta o clamor da rebelião: fartos de injustiças, opressão e humilhações, os mouriscos lutam contra os cristãos, numa correlação de forças desigual que só pode redundar na derrota da sublevação e na consequente dispersão dos revoltosos por todo o reino de Castela...

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Essa é a história de Hernando, o filho bastardo de um padre com uma mourisca, que desde cedo recebe o pior dos dois mundos, tanto cristãos quanto muçulmanos o enxergam como inimigo. Preso entre esses dois mundos, nosso herói precisa aprender a valorizar o que de melhor cristãos e muçulmanos têm.

O livro é uma odisseia muito interessante, em que reviravoltas, amores perdidos e reencontrados, disputas, e muita emoção são transmitidas ao leitor que, no meu caso, não conseguia desgrudar os olhos da história.

Lógico que, para quem acompanha as minhas resenhas, fica fácil compreender que a leitura me agradou muito, já que é um romance histórico, que consegue trazer fatos que eu desconhecia, numa paisagem intrigante e interessante (o sul da Espanha é um dos lugares que pretendo conhecer brevemente), e com personagens complexos, diferentes, muitas vezes violentos, outras ternos e religiosos.

A história de Hernando, ou Ibn Hamid, nos deixa a sensação de que o homem ainda não aprendeu a conviver com as diferenças, que precisa colocar todas as pessoas em rótulos para compreendê-las, esquecendo-se que, além das diferentes características físicas, culturais e religiosas, somos todos humanos, e que precisamos nos respeitar mutuamente, aprendendo e aproveitando o que de melhor cada um de nós tem.

Em 1568 mouriscos e espanhóis, vizinhos, conhecidos, se enfrentaram em uma luta sangrenta, não houve vencedor, todos sofreram, e Hernando luta para que os povos de suas origens possam viver em paz!

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