UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

História da Paraíba: Primórdios da História da Paraíba


Introdução
 

Apossado o Brasil pelo estado português, as terras hoje paraibanas foram nas primeiras décadas do século XV afloradas por elementos interessados no comércio de Pau-brasil. Em 1534, constatou a metrópole que somente o povoamento e colonização de seus domínios americanos lhes dariam rendimentos e  evitariam a perda dessas posses territoriais para outras potencias européias. Portugal então, implanta a sua primeira política territorial na América, instituindo o sistema de capitanias hereditárias.

Do rio santa Cruz (Igaraçu/hoje PE) até a baía da traição, recortou-se a capitanias de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Souza. Entra 1537, quando o donatário tomou posse, e a década de 70, quando verdadeiramente se inicia a real conquista da Paraíba, o território teve vários administradores, mas permaneceu uma área pouco cuidada por parte da metrópole, sendo constantes os confrontos entre a população nativa (Potiguaras, no litoral sul) e os portugueses ali instalados. Essa situação de abandono facilitava o hominizio de elementos infratores, fugidos da vizinha capitania de Pernambuco, ensejando instabilidade e insegurança e ameaçando o projeto de colonização, que nessa ultima capitania em desenvolvimento com boas perspectivas. 


Razão pela qual o território foi desmembrado de Itamaracá, com a criação da capitania real da Paraíba por decreto lei em 1574, redefinindo seus limites ao sul pelo rio Abiaí e mantendo-se os seus limites ao norte nas cercarias da Baía da Traição. Foram necessários onze anos  e inúmeras expedições irradiadas a partir do governo geral instalado na Bahia, até que se incorporasse o território paraibano a coroa lusa, com a fundação em 1585 da cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa. A conquista foi sangrenta devido a resistência oferecida pelos indígenas, notavelmente oferecida pelos Potiguaras, articulados com os franceses que freqüentavam a costa paraibana traficando pau- brasil, madeira na qual o território tinha em abundancia.

Origens da Paraíba
 
A vinculação paraibana a Itamaracá, data de 1534, a partir da instituição Portuguesa do sistema de capitanias hereditárias. Esse tempo de colonização por Portugal se deu de forma muito difícil, além de se defrontar com uma quantidade de terra imensa, depararam- se com a resistência indígena e a incomoda presença dos Franceses que estavam em nossa costa traficando pau- brasil.
A história da Paraíba esteve bastante vinculada a Pernambuco e Itamaracá, ela principiou no vale do rio Tracunhahém, que pertencia a Itamaracá, onde hoje esta localizada a cidade de Goiana em Pernambuco. Deu-se por ali em 1574: A filha de um cacique potiguara chamado Iniguaçu ( Relatos contam que a filha do cacique potiguara era dotada de beleza incandescente e tinha apenas quinze anos de idade) transitava livremente pela região, quando foi capturada e arrebatada por um mameluco da Serra da Copaoba. A beleza da índia fascinou o proprietário de engenho Diogo Dias( proprietário de um engenho da região) que decidiu ficar com a jovem e interessante indiazinha...  


Em contrapartida, os indígenas potiguaras insuflados pelos franceses caíram sobre o engenho de Diogo Dias massacrando todos seus habitantes  com a exceção de irmão de Diogo, porém o massacre não ocorreu apenas no engenho de Dias, ele se estendeu por todos os engenhos da região... estimasse que morreram mais de 600 pessoas no Vale do Tracunhahém. O pânico tomou conta das autoridades de portuguesas que estavam em Olinda, receosas que as manifestações se estendessem a Pernambuco, foi criada a Capitania Real da Paraíba, com o interesse de conter as revoltas silvícolas do seu próprio território. Além do motivo citado, era de interesse dos portugueses povoar o Norte do Nordeste, superando o obstáculo existente na Paraíba, tanto é que após a Real Ocupação da Paraíba em 1585, logo seriam ocupados o Rio Grande do Norte em 1598 e posteriormente o Ceará em 1612.
Entre a criação da capitania em 1574, e sua real ocupação em 1585, passaram-se onze anos de tentativas sem êxito. Primeiramente com Fernão Silva, em 1575, essa que foi tão valentemente rechaçada pela indiada que seus integrantes fugiram pela costa em direção a Itamaracá, donde dirigir-se-iam rumo a Bahia, sede do governo geral. Posteriormente em uma segunda tentativa em 1579 também mal lograda com o comando de João Tavares (que posteriormente voltaria em 1585 com campanha vitoriosa). Porém em sua ofensiva  de 1579, João acabou por voltar fugindo para Olinda. Em uma terceira tentativa em 1580/82, verificou-se a presença de Frutuoso Barbosa (Comerciante Português), ganhador do título de capitão mor e foral, para usufruto da terra. Barbosa iniciou sua ofensiva em 1580, porém teve seus barcos dispersados por tempestades e dessa forma não conseguiu chegar a Paraíba, depois conseguiria chegar ao território de combate em 1582, onde como primeira ação, erigiu um pequeno fortim na olha da restinga, próximo a embocadura do Paraíba. Os índios porém não se renderam invadiram o fortim de Frutuoso Barbosa e os expulsaram da capitania, no campo de lua Frutuoso Barbosa deixou morto um filho legítimo. 


Em 1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis devido a União Ibérica. Entre esses é imprescindível citar os nomes de do almirante Diogo Flores e do Alcaide Francisco Castejon. Diogo Flores comandou a armada que veio combater os franceses no mar e fechar a embocadura do rio Paraíba, Castejon encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas proximidades do estuário do rio da guia, afluente do Paraíba . O fortim, batizado de São Felipe e São Thiago, ensejou a denominação de Forte Velho para localidade, hoje convertida a centro de turismo. Porém não foi nesse momento que a resistência indígena seria findada, (O forte foi erigido em local inadequado e se viu cercado em campo aberto pelos potiguaras) as desavenças entre o português Frutuoso Barbosa e Francisco Castejon se acentuaram chegando ao ponto de se tornar insustentável. Castejon botou fogo no forte e jogou sua artilharia ao mar, fugindo para Olinda, onde foi preso e julgado por Martim Leitão.
Finalmente em 1585, iniciar-se-ia a real ocupação da Paraíba, Martim Leitão organizou a expedição para conquista, chefiada militarmente por João Tavares, que partiu de Olinda com uma caravana com aproximadamente 1000 homens a cavalo e a pé, entre escravos, índios e soldados. É importantíssimo salientar que essa expedição só voltou vitoriosa devido a divisão do campo indígena. 


Grupos Indígenas no Litoral:

·  TABAJARAS - Os tabajaras vieram chefiados pelo cacique Piragibe(braço/espinha de peixe), viviam na Bahia, margeando o Rio São Francisco e seus afluentes, onde auxiliaram os portugueses em algumas ofensivas, foram vítimas da cilada de reinós, ao que fugindo alcançaram os afluentes do rio Paraíba na altura da cidade de Monteiro, a partir desse momento desceram o Paraíba rumo ao litoral onde acabaram por formar uma aliança com os portugueses contra os nativos da terra, os potiguaras.
· POTUGUARAS - A tribo indígena dos potiguaras eram os verdadeiros nativos da terra, vale a pena ressaltar, eles eram completamente contra o domínio dos colonizadores, foram responsáveis pelo massacre do Tracunhahém e principalmente pela resistência oferecida entre a criação da capitania real da Paraíba (1574) e sua real ocupação em 1585.
Como acima descrito, a expedição comandada militarmente por João Tavares só conseguiu êxito devido a divisão do campo indígena... Novamente viria à tona o pensamento de “Dividir para reinar”. Os colonizadores se utilizaram da diferenças étnicas entre as tribos nativas para as jogar umas contra as outras, tal acontecimento não ocorrerá apenas uma vez na história da Paraíba, no decorrer de nossos estudos encontraremos novamente a confirmação desse pensamento imperialista.
A verdade é que os portugueses não conseguiriam a real ocupação da Paraíba sem a ajuda da tribo indígena Tabajara, essa que mercenariamente se vendeu aos portugueses aceitando sua dominação e passaram a lutar contra seus irmãos potiguaras. Os potiguaras consideravam os Tabajaras Panema ou seja fracos, mais coube a João Tavares se utilizar da “fraqueza” tabajara contra a resistência potiguara. O resultado dessa aliança entre portugueses e tabajaras, resultou no início da ocupação real da Paraíba, com os valentes potiguaras sendo derrotados. O principal responsável por essa tarefa foi Feliciano Coelho de Carvalho,capitão mor da Paraíba ( 1592/1600), junto a proprietários como Diogo Gomes da Silveira e dos próprios tabajaras. Na zona hoje ocupada pelos municípios de Caiçara, Serra Raiz, Pirituba, Duas estradas, Belém, a violência funcionou em níveis elevadíssimos embora resistissem sobre a liderança dos caiques Pao-Seco e Zorobabé, muitos migraram para o Rio Grande do Norte, daí a denominação de “terra Potiguar” no contato com os colonizadores milhares de índios foram dizimados por doenças trazidas pelos homens brancos... Essas como Varíola, Sarampo, Bexiga e Sífilis.
A organização social dos potiguaras fundamentava- se na propriedade comunal de terras, da qual faziam a sua bebida fermentada, o cauim, farinha, milho, feijão, inhame, batata. Utilizava-se da coivara(queimada).
Faziam a antropofagia(sacrificavam seus inimigos), porem não praticavam canibalismo, acreditavam em um deus criador de todas as coisa, o paidzu. Aceitavam a gerontocracia  (autoridade dos mais velhos), tinham uma família matrilinear(descendência estabelecida pela mulher).
Em 1599, Feliciano coelho impôs a paz pela força aos potiguaras . bem parecido com o que ocorreu com os tabajaras, esses índios ficaram agrupados em aldeias militarmente fiscalizadas pela coroa, com o andar da carruagem da história esses índios perderiam pouco a pouco a sua identidade cultural. ATUALMENTE, na Baía da Traição foi iniciado um projeto que tenta resgatar a cultura indígena dos descendentes dos bravos potiguaras, esta sendo feito um projeto que coloca alunos em sala de aula para aprender o Tupi Guarani, língua original dos indígenas aqui estabelecidos. 

Povoado de Nossa Senhora das Neves

 
Por escolha de Martim Leitão e, João Tavares e Frutuoso Barbosa que percorreram a planície situada entre o o oceano Atlântico e o Rio Paraíba, a nova cidade foi edificada a partir de 4 de novembro de 1585 na parte mais alta da colina, a reduzida distancia do rio intitulada de Povoado de Nossa Senhora das Neves, posteriormente essa denominação foi alterada para Cidade de Nossa Senhora das Neves, depois Felipéia de Nossa Senhora das Neves, durante o domínio Holandês, Frederica de Nossa Senhora das Neves, quando acaba o domínio Holandês Felipéia de Nossa senhora das Neves e por fim em 1930 João Pessoa em homenagem ao presidente assassinado.
A localização da cidade situada na parte mais alta da colina, visava assegurar-lhe a defesa e a próxima localização do rio possibilitaria, através desse a exportação de produtos que viriam a ser elaborados ou encontrados. (âmbar, madeiras, algodão,...) a capitania integraria o sistema econômico mercantilista, sua capital por tratar-se de sede da capitania real desconheceu o estágio de vila, já nascendo como cidade.
A elevada quantidade de água, pedra e cal favoreceram as primeiras edificações, quase todas religiosas: a capela de Nossa Senhora das Neves, Igreja Barroca de São Francisco, Mosteiro de são Bento, Igreja/Convento de Nossa Senhora do Carmo.
Em sua história a  capital da Paraíba, recebe várias intitulações diferentes, cada uma dessa é decorrente de acontecimentos históricos em que a capital estava inserida. 

Conheça a sua seqüência de denominações:

· Povoado de Nossa senhora das Neves - Encontrava-se a formação da cidade com um contingente de pessoas relativamente pequeno.
· Cidade de Nossa Senhora das Neves - A quantidade de pessoas que havia na cidade em seus primórdios havia aumentado.
· Felipéia de Nossa senhora das Neves - Decorrente da união Ibérica, onde a denominação Felipéia se deu em homenagem a FelipeII.
· Frederica de Nossa Senhora das Neves Decorrente do domínio holandês, onde a denominação Frederica se deu em homenagem ao príncipe Frederico da casa de Orange.
· Felipéia de Nossa Senhora das Neves - Ocorre no momento que é findado o Domínio holandês na Paraíba, onde após a expulsão dos holandeses na Paraíba a cidade volta a se chamar Felipéia de N. S. das Neves.
· João Pessoa - É decorrente do assassinato do ex-presidente da Paraíba João Pessoa, tal assassinato influencia fortemente a revolução de 1930. 

(Autor: Leandro Lima Lira)

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