UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Deleite de uma Saudade


A saudade é dura quando me mostra 
a solidão de nunca ter amado
é toda pureza e beleza quando me confessa 

a certeza de amar e ser amada
seria fraca e incompreendida se meu 

coração estivesse endurecido pela dor
é forte e sensata porque é 
correspondida pela esperança
é alegria e certeza porque é recepcionada por um
coração destemido e ávido por um novo amor.
Saudade que me torna livre e feliz!
Saudade que vem a galope junto ao vento
com a brisa sinto o seu toque de leve quase em canção
com o furação sinto estraçalhada 

ante a sua força de destruição
Por quem me toma saudade?
Traga logo para junto de mim o ser que a enviou 
que sem consciência do bem ou mal que resultou
venha e veja o estrago que consumou.

Saudade que é filha do amor
vê se escuta este coração abatido pela dor
A dor que me enceguece a razão
A dor que me fala ao coração palavras insensatas de solidão
Saudade que me atormenta ante a minha incerteza
de nunca ter conhecido o meu amor
Saudade que me enceguece a razão por amar demais...
Saudade que me faz serena ante a certeza de saber amada
Saudade que me faz grande e pequena
Saudade que se transforma em suor... lassidão e tesão
Saudade de ter o que nunca tive....
VOCÊ!

(Autora: Valéria Boni)

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