UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Árvores

Olha estas árvores mais belas
Do que as árvores moças mais amigas
Tanto mais belas quanto mais antigas
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto à sombra delas

Vivem livres da fome e da fadiga.
Em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigos, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
como as árvores fortes envelhecem,

Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaro nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

(Autor: Olavo Bilac)

Nenhum comentário: