UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vidraças sujas


Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito
tranqüilo.
Na primeira manhã na casa, enquanto tomava
café, a mulher reparou através da janela que uma
vizinha pendurava lençóis no varal.
- Que lençois sujos ela está pendurando no varal!!!
Está precisando de um sabão novo...
Se eu tivesse intimidade perguntaria se
ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
O marido olhou e ficou calado.

Alguns dias depois, novamente,
durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis
no varal e a mulher comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos!
Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que
eu a ensine a lavar roupas!

E assim, a cada dois ou três dias,
a mulher repetia seu discurso, enquanto a
vizinha pendurava suas roupas no varal.

Passado um mês, a mulher se surpreendeu
ao ver os lençóis sendo
estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas!
Será que a outra vizinha ensinou???
Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente respondeu:
- Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da
nossa janela!

E assim é.
Tudo depende da janela, através da qual
observamos os fatos.
Antes de criticar, verifique
se você fez alguma coisa para contribuir.
Verifique seus próprios defeitos e limitações.
Devemos olhar, antes de tudo,
para nossa própria casa, para dentro
de nós mesmos.

Lave sua vidraça. Abra sua janela.

(Autor Desconhecido)

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