UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Felicidade...


Felicidade é saber aproveitar todos os momentos
como se fossem os últimos.
Passamos a vida em busca da felicidade.

Procurando o tesouro escondido.
Corremos de um lado para o outro esperando
descobrir a chave da felicidade.
Esperamos que tudo que nos preocupa se resolva
num passe de mágica.

E achamos que a vida seria tão diferente,
se pelo menos fôssemos felizes.
E, assim, uns fogem de casa para ser feliz.

Outros fogem para casa em busca da felicidade.
Uns se casam pensando em ser feliz.

Outros se divorciam para ser feliz.
Uns desejam viver sozinhos para ser felizes.

Outros desejam possuir uma grande família
a fim de ser feliz.
Uns fazem viagens caríssimas buscando se feliz.

Analisam roteiros, escolhem os melhores hotéis,
os pontos turísticos mais invejados para visitar.

Outros trabalham além do normal
buscando a felicidade.
Fazem horas extras,
inventam treinamentos e mais treinamentos
para encher sempre mais os seus dias
com compromissos profissionais.
Uns desejam ser profissionais liberais
para comandar a sua própria vida e poder ser feliz.

Outros desejam ser empregados para ter
a certeza do salário no final do mês
e assim ser feliz.

Outros, ainda, desejam trabalhar por comissão,
assegurando que o seu esforço se transforme
em melhor remuneração e assim ser feliz.

É uma busca infinita.

Anos desperdiçados.

Nunca a lua está ao alcance da mão.

Nunca o fruto está maduro.

Nunca o carinho recebido é suficiente.
Mas, há uma forma melhor de viver !

A partir do momento em que decidimos ser feliz,
nossa busca da felicidade chegou ao fim.
É que percebemos que a felicidade
não está na riqueza material,
na casa nova, no carro novo, naquela carreira,
naquela pessoa.

E jamais está à venda.
Quando não conseguimos achar satisfação
dentro de nós mesmos,
é inútil procurar em outra parte.

Sempre que dependemos de fatores externos
para ter alegria, estamos fadados à decepção.
A felicidade não se encontra
nas coisas exteriores.
A felicidade consiste na satisfação com
o que temos e com o que não temos.

Poucas coisas são necessárias para fazer
o homem sábio feliz, ao mesmo tempo
em que nenhuma fortuna satisfaz
a um inconformado.

As necessidades de cada um de nós são poucas.
Enquanto nós tivermos algo a fazer,
alguém para amar, alguma coisa para esperar...
seremos felizes.

Tenhamos certeza:
a única fonte de felicidade está dentro de nós,
e deve se repartida.

Repartir nossas alegrias é como espalhar perfumes
sobre os outros: sempre algumas gotas acabam
caindo sobre nós mesmos.

Se chover,
seja feliz com a chuva que molha os campos,
varre as ruas e limpa a atmosfera.

Se fizer sol, aproveite o calor.

Se houver flores em seu jardim,
aproveite o perfume.

Se tudo estiver seco,
aproveite para colocar as mãos na terra,
plantar sementes e aguardar a floração.

Se tiver amigos,
aproveite para bater um papo,
troque idéias e seja feliz com
a felicidade deles.

Em vão procuramos a verdadeira felicidade
fora de nós,
se não possuímos a sua fonte dentro de nós.

(Autor: Marquês de Maricá)

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