UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 29 de maio de 2010

Sugestão

Sugestão
Faça o seguinte:

Assopre o pensamento triste,
deixe escorrer a última lágrima,
conte até vinte.

Abra então a janela,
aquela que dá para o vôo dos pardais,
procure a luz que pisca lá na frente
(evite as sombras que ficaram lá pra trás).

Ao encontrá-la,
coloque-a dentro do peito
de tal jeito, que possa ser notada
do lado de fora;

Acrescente agora uma pitada de poesia,
do tipo que passa por nós todos os dias
e nem sequer consegue ser notada;
aumente o brilho, com toda a intensidade
de que um sorriso é capaz.

A felicidade é o seu limite,
e o paraíso é você mesmo quem faz.
(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário: