UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

No amor

Do amor conheci todas as ausências,
e todas as minhas carências!

No amor conheci todas as fantasias
e todas as suas alegrias!

No amor eu encontrei toda a solidão,
e toda a minha salvação!

No amor eu distingui todos os prazeres
e todos os seus deveres!

Do amor eu conheci todos os seus perfumes
e todos os meus ciúmes!

No amor eu vivi todos os delírios
e todos os martírios; todos os beijos
e todos os seus desejos!

No amor deparei com todos os mistérios
e todos os seus critérios!

No amor encontrei toda a ternura
e toda a sua desventura!

Do amor percebi toda a magnitude,
toda a juventude e toda a sua inquietude!

No amor eu encontrei todos os sabores,
e todos os seus dissabores!

No amor busquei tudo que ele nos traz;
todo o bem que ele nos faz,
e então...

No amor... eu descobri a paz!
(Autor Desconhecido)

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