UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 16 de maio de 2010

Ser feliz é correr riscos

Feliz é aquele que saboreia quando come,
enxerga quando olha, dorme quando deita,
compreende quando reflete, se aceita e
aceita a vida como ela é.

Há quem diga que felicidade depende,
antes de tudo, de bastar-se a si
próprio; de não depender de ajuda, de
opinião e, sobretudo, de não se deixar
influenciar por ninguém.

Será mesmo? Você pode imaginar uma
pessoa assim?

Lao Tzé dizia: "Grande amor, grande
sofrimento; pequeno amor, pequeno
sofrimento; não amor, não sofrimento".

Pode imaginar você um homem e sem
paixão, sem desejos? A felicidade,
entendida assim, não seria apenas um
engôdo, algo contra a natureza humana?

Evidentemente! Sem amor, sem paixão,
que sentido teria a existência?

A felicidade é proporcional ao risco
que se corre. Quem se protege contra o
sofrimento, protege-se contra a
felicidade.

Quem se torna invulnerável, torna-se
sem sentido a existência.

O homem feliz aceita ser vulnerável.
O homem feliz aceita depender dos
outros, mesmo pondo em risco sua
própria felicidade.

É a condição do amor e de todas as relações humanas,
sem o que a vida não teria sentido.

(Autor: Jean Onimus)

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