UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Com que olhos enxergo?


Com
Olhos
Do amor
Vejo o mundo.
Sem dificuldade,
Adocico o que me convém.
Com
Olhos
Sensatos,
Paradoxo,
Considero tudo.
Ignoro o que me faz mal.

(Autora: Mardilê Friedrich Fabre)

Nenhum comentário: