UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desafiei a Lua Cheia



Desfiei a Lua Cheia
Roubei algumas Estrelas
Fiz minha Lira
Da Lua fiz as Cordas
Das Estrelas fiz a Forma
Na minha Ilha
Espalhei a Lira
Pela pele do Mar
Ao Meio-Dia
Mãos delicadíssimas
Vieram dedilhar
A Lua Cheia
Minha Lira foi desfeita
Mergulhei minhas Mãos no Mar
Escorreram mil Estrelas
Os cabelos prateados
Dos Cavalos Alados
Os olhos líricos
Das Nereidas
O Canto líquido
Das Sereias.

(Autor: Mauro Valente)

Nenhum comentário: