UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Plantei uma flor




Em  cada dia em que marcaste a minha madrugada
com ausências, plantei uma flor.
Em  cada dia em que as minhas recordações
me traziam esperança, eu reguei o jardim.
Todos os dias, noites, madrugadas
em que exististe em mim, o jardim floresceu,
Mas em cada silêncio teu, algo em mim morreu,
não foste tu... talvez tenha sido eu...
Em  cada sentimento de raiva, mágoa e tristeza, uma flor bonita eu
colhi, e com ela, digeri todas as palavras e emoções que contigo eu vivi.
Por cada memória feliz, bebi o teu aroma na essência da flor...
Porque os momentos amargos jamais se vão sobrepor ao... Amor...
A presença da tua ausência no meu jardim não se nota nunca...
Porque as minhas lágrimas se encarregam de nada deixar murchar,
Um dia encontraste-me, regaste-me e cheiraste-me...
até que me (es)colheste.
E do meu coração, nunca nada irá tudo isso apagar...
antes vai perpetuar!
(Autora: Filomena Chito)

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