UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 25 de setembro de 2011

Estrelas



Estrelas ninhos da vida,
Entre os espaços profundos,
Novos lares, novos mundos,
Velados por tênue véu...
Louvores à vossa glória,
Nascida na eternidade,
Sois jardins da imensidade,
Suspensos no azul do céu.
Dizei-nos que tudo é belo,
Dizei-nos que tudo é santo,
Inda mesmo quando há pranto
No sonho que nos conduz.
Proclamai à terra estranha,
Dominada de tristeza,
Que em tudo reina a beleza
Vestida de amor e luz.
Quando a noite for mais fria
Pela dor que nos procura,
Rompei a cadeia escura
Que nos prenda o coração,
Acendendo a madrugada
No campo de Novo Dia,
Onde a ventura irradia
Eterna ressurreição.
Dai consolo ao peregrino
Que segue à mercê da sorte,
Sem teto, sem paz, sem norte,
Torturado, sofredor...
Templos do Sol Infinito,
Descerrai à Humanidade
A benção da  Divindade
Nas bênçãos do vosso amor
Estrelas – ninhos da vida,
Entre os espaços profundos,
Novos lares, novos mundos,
Velados por tênue véu...
Louvores à vossa glória,
Nascida na eternidade,
Sois jardins da imensidade,
Suspensos no azul do céu.
 
(Autor: Emmanuel - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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