UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Possua



Um coração que nunca endureça,
Uma emoção que nunca pressione, 
 Um toque que nunca magoe. 
Um carinho que nunca envelheça,  
Uma doçura que não estacione,
Um coração que, por vezes, perdoe.
Uma paixão que não enfraqueça, 
Um prazer que nunca relaxe,
 Um silêncio que nunca destoe. 
Uma verdade que nunca encareça, 
Um medo que não ameace, 
Uma tristeza que não amontoe. 
Uma amargura que não amanheça,
 Uma alegria que nunca entristeça. 
Uma fantasia que não voe. 
Uma felicidade que não empobreça 
Um desejo que nunca se apague,
 E um amor que te abençoe...

(Autor: Blandinne Sharoon)

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