Dizes: “Eu vou para outras terras,
eu vou para outro mar.
Hão de existir outras cidades
melhores do que esta.
De todo o esforço feito – estava escrito
– nada resta e sepultado qual um morto
eu tenho o coração.
Até quando vai minha alma
ficar nesta inação?
Onde quer que eu olhe, para onde
quer que eu volte a vista,
a negra ruína de minha vida
é o que se avista,
eu que anos a fio cuidei
de a estragar e dissipar.”
Não acharás novas terras,
tampouco novo mar.
A cidade há de seguir-te.
As ruas por onde andares
serão as mesmas.
Os mesmos os bairros,
os andares das casas onde irão
encanecer os teus cabelos.
A esta cidade sempre chegarás.
Os teus anelos são vãos,
de para outra encontrar
um barco ou um caminho.
A vida, pois, que dissipaste aqui,
neste cantinho do mundo,
no mundo inteiro é que a foste dissipar.”
(Autor: Konstantinos Kaváfis - Tradução de José Paulo Paes)
eu vou para outro mar.
Hão de existir outras cidades
melhores do que esta.
De todo o esforço feito – estava escrito
– nada resta e sepultado qual um morto
eu tenho o coração.
Até quando vai minha alma
ficar nesta inação?
Onde quer que eu olhe, para onde
quer que eu volte a vista,
a negra ruína de minha vida
é o que se avista,
eu que anos a fio cuidei
de a estragar e dissipar.”
Não acharás novas terras,
tampouco novo mar.
A cidade há de seguir-te.
As ruas por onde andares
serão as mesmas.
Os mesmos os bairros,
os andares das casas onde irão
encanecer os teus cabelos.
A esta cidade sempre chegarás.
Os teus anelos são vãos,
de para outra encontrar
um barco ou um caminho.
A vida, pois, que dissipaste aqui,
neste cantinho do mundo,
no mundo inteiro é que a foste dissipar.”
(Autor: Konstantinos Kaváfis - Tradução de José Paulo Paes)
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