UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um Romance Universal - Bárbara de Fátima



Como educadora estou impressionada com a análise histórica apresentada pelo autor Leandro de Lima Lira no livro História da Paraíba no qual examinou toda a hermenêutica de nossa historiografia a fim de determinar, estudar e apresentar sob a forma romanesca tais rebuscas de pesquisas. O autor aprimorou o estudo d'A Conquista de nossa terra valendo-se de bases sólidas, não incorrendo no perigo de se perder entre o tempo cronológico e o tempo psicológico. Também serviu-se de personagens históricos tanto quanto de personagens fictícios, particularizados que lhe serviram de base para as suas finalidades dissertativas, onde há a exposição de idéias ou pensamentos do autor e narrativas, onde há o relato de vários episódios reais ou fictícios onde o autor implicou na interferência de todos ou alguns elementos (personagens ou circunstâncias), com abundantes conotações culturais, da civilização européia e das instituições daquele tempo. A sua pesquisa, portanto, nos dá a conhecer o geral de toda uma época.
O vocabulário é bastante acessível. Os verbos apresentam formas não alteradas nas flexões. A sintaxe traduz o pensamento do autor, que para cabal e perfeita compreensão, percebe-se que o mesmo conhece excelentemente a língua daquele tempo, os usos e costumes a que faz referências, as dúvidas religiosas, as idéias políticas. Mais ainda: o texto em forma de romance. Urge então que conheçamos também a época na qual o romance está inserido.
No enrêdo, o autor sintetizou de maneira coesa e intrigante os fatos primeiros da História do Brasil e da Paraíba. É a propagação de sua mensagem sobre o nosso maior tesouro: as nossas raízes.
Como educadora, achamos fascinante a alusão histórica, ou seja, a presença de acontecimentos ou fatos históricos que sempre despertam a curiosidade do leitor. O texto está tão melhor lido quanto, na medida do que se tem uma visão global, e onde delimitamos suas dimensões parciais. Depois da leitura do texto esta delimitação aclara a significação de sua globalidade.
A historiografia do autor é de grande importância para a tessitura do texto. É um texto coerente, harmonioso, em que todas as partes se encaixam de forma complementar, não apresentando nada destoante, ilógico, contraditório, desconexo.
O autor é por demais sensível e se expressou numa forma literária própria, em que entrou normalmente os conectivos analógicos. Depois de tudo isso bem explicado, então, surge perfeita a mente do autor e podemos saborear o conteúdo de sua criatividade que no romance encerra.
Esse trabalho nos ofereceu a oportunidade de conhecer e comparar a realidade com alguns argumentos ficcionais apresentados pelo autor. Não foi um estudo relativamente fácil porque não é apenas a descrição historiográfica de fatos acontecidos, mas também a transposição deles para a arte literária e com uma profunda identificação entre autor-leitor em relação à sua terra, seu povo, sua região.
De inestimável valor para a compreensão de nossa História e relevante como texto para cursos de graduação, porque apresenta uma integração entre o passado e o presente. Tudo é História. Não importando a forma como ela é relatada. O importante é a informação com relação às atividades práticas a serem realizadas e aos resultados alcançados. O romance é digo de merecer criteriosa apreciação de leitura.

Um comentário:

Unknown disse...

Prezada Bárbara;
Venho lhe agradecer pelas palavras elogiosas.
Atenciosamente;
Leandro de Lima Lira