UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O que vejo em ti - Bárbara de Fátima



É como se o fosse o tempo que lhe dominasse.
O vento que te levasse.
É como se você não estivesse aqui.
Sim. Você deixa de estar.
Quando começa a pensar.
Você não só pensa,
Como passa a viver cada momento de seu pensamento.
É como se ouvisse anjos cantando para você
Instrumentos tocando só para você
É como se você estivesse ali bem perto, vendo os anjos cantando
Os pistões, as flautas, os clarins, a gaita tocando.
É como se você estivesse bem perto de Deus.
Sim. É como se você estivesse conversando com Ele.
É espantoso, é incrível.
Pois de repente um sino toca.
E você desperta com as badaladas do sino.
Olha assustada e pergunta o que foi.
E sem querer eu lhe digo:
- Quem lhe pergunta o que foi sou eu.
Você apenas sorri.
Pois não tem palavras para explicar.
O que se passa contigo.
Por alguns minutos.

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