UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sem medo - Bárbara de Fátima

Não temas estou aqui.
Lado a lado, de mãos dadas.
Escutemos.
Não precisas falar.
Estou a ouvir teu coração.
As batidas estão disritmadas.
Emoção? Ou compasso de uma canção?
Não temas estou aqui.
Ombro a ombro, na areia as pegadas.
Caminhemos.
Não precisas atravessar.
Estou a sentir teu pensamento.
As trilhas estão embaralhadas.
Fingimento? Ou atalho para um alento?
Não temas estou aqui.
Meu corpo no seu corpo, gotas transpiradas.
Apaixonemos.
Não precisamos gravar.
Estamos a marcar nossa determinação.
As reações estão rubras.
Indecisão? Ou marcas de uma paixão?
Não temas estou aqui.
Amemos.

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