UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 21 de dezembro de 2008

Rendo-me - Bárbara de Fátima

Na insolência do meu sim.
No rasgar do vestido, perdes a lucidez.
Mãos escorregam no meu corpo, tatuando-o.
Descobres e aniquilas a minha resistência.
Sem perceber, tu te enroscas.
Não escondes, apenas te mostras.
Sofreguidão, sem falar argumentas.
Sem roupa, um só, sem respostas.
Corpos ardentes.
Rendo-me.

Nenhum comentário: