UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

LIVRO: A Lua de Joana


Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Maria Teresa Maia Gonzalez
A Lua de Joana escrito por Maria Teresa Maia Gonzalez, autora de livros prestigiados. Conta a história de uma rapariga chamada Joana que perdeu a sua melhor amiga Marta que morrera de overdose. Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser) porque Joana escreve cartas para uma amiga que já morreu. Conta-lhe todos os acontecimentos do seu dia-a-dia. É interessante ver o desenrolar da vida desta personagem, como ela se transforma ao longo dos dias e dos anos. Apesar de tudo, este livro mostra-nos a realidade dos dias de hoje: o grande flagelo que a droga é para todos - para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro. Joana é também uma excelente aluna, reconhecida por todos e acarinhada pelos professores e amigos, mas a sua melhor amiga já não faz parte da escola, já não faz parte da turma e nem partilha a sua mesa nas salas de aula. No decorrer desta história Joana tenta agir com normalidade apoiando-se sempre na sua avó, sendo esta sua única conselheira. Este livro age também como alerta aos pais desatentos, ora os de Joana sentiam nela uma pessoa adulta responsável, logo pensavam que não tinham que se preocupar com ela digamos que também não eram propriamente presentes, o seu pai é um médico prestigiado, passa a vida fora em reuniões, visitas ao domicílio e raramente está presente no seu cotidiano ou em casa, já a sua mãe é dona de um pronto-a-vestir, preocupadíssima com seu outro filho, irmão de Joana, cuja relação era um tanto ou quanto critica, Joana chamava-o de pré-histórico, pelos trajes e visual que habitualmente usava, pela decoração do quarto, que estava sempre num caos. Há um pormenor que não queria deixar de descrever, no meio do quarto de Joana há uma lua suspensa do teto por uma corrente, um balanço imaginado construído só para Joana quando quer pensar coloca o balanço em posição de quarto crescente, e quando esta triste roda-o para quarto minguante e ali se senta até que a tristeza lhe passe. Não há muito mais a dizer, é um excelente livro que recomendo a todos os que queiram passar um bom tempo lendo.

Nenhum comentário: