UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Duas vidas - Bárbara de Fátima

Duas vidas.
Inteiramente divididas.
Emoções repartidas.
Sonhos incontidos.

Dois mundos.
Completamente atraiçoados.
Pelo desejo acariciados.
Corpos ilimitados.

Duas metades.
Diretamente rumo à eternidade.
A insistência seja a nossa liberdade.
Despedidas dolorosas.

Dois desejos.
Avidamente sufocados pela dor.
Pela renúncia e pela espera.
Paixões com ardor.

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