UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
domingo, 5 de julho de 2009
A Esperança Viva
Meu nome é Esperança...
Sorrio para você desde a sua entrada na vida...
Sigo-lhe os passos e não deixo senão nos mundos onde se realizam as promessas de felicidade, incessantemente murmuradas aos seus ouvidos.
Sou sua fiel amiga. Não repila minhas inspirações.
Eu sou a Esperança.
Sou eu que canto através do rouxinol e que solto aos ecos das florestas essa notas lamentosas e cadenciadas que lhe fazem sonhar com o Céu...
Sou eu que inspiro à andorinha o desejo de aquecer seus amores no abrigo seguro de sua morada...
Brinco na brisa ligeira que acaricia os seus cabelos e espalho aos seus pés o suave perfume das flores dos
canteiros... e você quase não pensa nessa amiga tão devotada!
Não me despreze: sou a Esperança!
Tomo todas as formas para me aproximar de você...
Sou a estrela que brilha no azul e o quente raio de sol
que vivifica...
Embalo as suas noites com sonhos ridentes e expulso para longe as negras preocupações e os pensamentos sombrios.
Guio seus passos para o caminho da virtude e o acompanho nas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos e lhe inspiro palavras afetuosas e consoladoras.
Não me esqueça...
Eu sou a Esperança!
Sou eu que, no inverno, faço crescer, na casca dos carvalhos, o musgo espesso com que os passarinhos fazem seus ninhos.
Sou eu que, na primavera, coroô a macieira e o pessegueiro de flores rosas e brancas e as espalho sobre a terra como um sopro celeste, que o faz aspirar a mundo mais felizes.
Estou com você, principalmente quando é pobre e sofredor, e minha voz ressoa incessantemente aos seus ouvidos.
Não me despreze...
Eu sou a Esperança.
Não me repila, porque o anjo do desespero faz guerra encarniçada e se esforça para, junto de você, tomar o meu lugar.
Nem sempre sou a mais forte.
E quando o desespero consegue me afastar, envolve-o com suas asas fúnebres, desvia os seus pensamentos de Deus e conduz ao suicídio.
Una-se a mim para afastar sua desastrosa influência e deixe-se embalar docemente em meus braços...
Porque eu sou a Esperança...
Um dia, um Homem Sublime abandonou, por algum tempo, um jardim de estrelas para nascer na Terra e depositar nas almas as gemas preciosas da Esperança...
E, nestes dias de inquietação e desassossego, ele continua sendo a esperança que reergue os espíritos e a paz que penetra os corações.
Ainda hoje, o Mestre de Nazaré é a grande esperança que se torna realidade.
(Autor Desconhecido)
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