UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Quem passa...


Há quem passa...
E deixa só cicatrizes.
Há quem passa...
Semeando flores.
Há quem passa...
Banhando-nos em lágrimas.
Há quem passa...
Disposto a secá-las.
Há quem passa...
Torcendo por nossa vitória.
Há quem passa...
Aplaudindo nossos fracassos.
Há quem passa...
Ajudando-nos a levantar.
Há quem passa...
Fazendo-nos cair.
Há quem passa...
Como sombra.
Há quem passa...
Como luz.
Há quem passa...
Como pedra no caminho.
Há quem passa...
Como pedra de construção.
Há quem...
Para todo deslize
Vê uma falha irreparável.
Há quem...
Nos oferece o perdão.
Há quem...
Ignora nossos erros.
Há quem...
Nos ajuda a corrigir.
Há quem passa...
Rápido, veloz, despercebido.
Há quem...
Deixa marcas profundas.
Há quem...
Simplesmente passa.
Há, porém, quem...
Fica para sempre no coração.

Nenhum comentário: