UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 30 de julho de 2009

LIVRO: Laços de Pecado


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Nora Roberts

Sinopse: Depois de Maggie e Brianna Concannon, protagonistas dos primeiros volumes da Trilogia da Fraternidade, agora é a vez de o leitor conhecer Shannon Bodine, talvez a mais audaciosa das irmãs Concannonn. Nora Roberts finaliza sua saga irlandesa, que possui raízes autobiográficas, com um enredo comovente. Bodine abandona sua carreira como artista gráfica numa famosa agência de publicidade em Nova York movida pela descoberta da identidade de seu verdadeiro pai. Relutante, realiza o desejo de sua mãe, já falecida, e parte para o Condado de Clare. Lá encontra, além das origens familiares, seu grande amor.

Como já surgiu aqui no blog outras opiniões sobre essa trilogia, não sei se vou dizer algo de que vocês já não saibam e nem mesmo sei se alguém ainda aguenta ler outro comentário sobre esse livro. Mas, vou me arriscar e testar a paciência do amigo leitor.

Todo mundo sabe que Nora Roberts é uma grande autora, que as trilogias são seu ponto forte, que seus personagens são inesquecíveis e outras tantas coisas que ditas aqui serão só repetição, o dito chover no molhado. Então, pulando essa parte tão batida, queria falar sobre uma hipótese me levantada em conversa via msn: Nora Roberts é partidária do espiritismo?

Sempre vi aquele toque de magia em seus livros como sendo apenas encanto, um poder latente na alma dos personagens, mas em Laços de Pecado acho que a autora usou a doutrina espírita sim.

O livro conta a história de Shannon, meia irmã de Maggie (Laços de Fogo) e Brianna (Laços de Gelo), que viaja para a Irlanda a fim conhecer a família que só descobriu que tinha quando sua mãe contou a verdadeira história de sua origem.

Lá ela conhece o fazendeiro Murphy e então começa a ter sonhos perturbadores. Sonhos esses que Murphy tem desde criança, e que a partir do momento que colocou os olhos em Shannon, soube ser ela a mulher da sua vida, porque era a imagem dela que ele via quando sonhava.

Esses sonhos são a visualização de uma lenda que conta, em resumo, o seguinte: uma feiticeira que tinha visões foi à Dança (nome dado ao círculo de pedras existente na fazenda de Murphy) comungar com os deuses e lá encontrou um guerreiro ferido. Ela o curou, se apaixonaram e viraram amantes. Mas ele partiu para a guerra e ela lhe deu um broche para prender em sua capa. Ele voltou num dia de tempestade, queria se casar com ela, mas não deixaria de guerrear. Brigaram por causa disso e ele partiu novamente, deixando com ela o broche para que se lembrasse dele até que voltasse. Mas, com o dom da visão ela soube quando ele morreu em campo...

Pois bem, Murphy encontrou esse broche no círculo de pedras e, me parece, esse objeto seria um sinal enviado para comunicar que ele era o guerreiro e Shannon a feiticeira da lenda e assim estavam destinados um ao outro.

Nora Roberts escreveu sempre que era apenas lenda a história do guerreiro e da feiticeira. Por isso não há como afirmar tratar-se de espiritismo, mas que a ideia foi plantada, isso foi.

Doutrinas ou misticismos celtas à parte, desnecessário dizer que a Trilogia da Fraternidade teve um encerramento grandioso.

Shannon, nascida, criada e realizada profissionalmente nos Estados Unidos, tem dificuldades em aceitar que ela e Murphy tenham uma ligação tão forte e nem pensa em mudar de vida por esse amor. Mas, na Irlanda, mais do que família e paixão, ela se reencontra. Ela é uma artista, tem o dom de pintar, porém nunca cogitou viver disso, preferindo ser publicitária em Nova York.

Murphy é completamente apaixonado por Shannon, fica meio abobalhado quando a vê pela primeira vez, mas depois foi tão encantador que chegou a dizer:

- Que possamos ter palavras quentes numa tarde fria, lua cheia numa noite escura e um caminho descendo até a sua casa!

E citou versos:

- "Minha generosidade é tão imensa como o mar, meu amor, bastante profundo; quanto mais dou a ti, mais tenho, pois ambos são infinitos". (William Shakespeare)

Murphy não precisou conquistar Shannon, apenas fazê-la ver que se pertenciam. Ela tinha que entender que um não poderia existir sem o outro. Ela tentou resistir, uma luta vã, impossível não se entregar a Murphy. E ele foi paciente, persistente e, claro, triunfante.

Como se só isso não bastasse, ainda temos em grande estilo a participação dos casais do primeiro e segundo livros, agora com o adicional dos filhos.

E se alguém quer saber do que se tratam aquelas reticências no resumo que fiz da lenda vai ter que ler o livro. Shannon descobriu o final e, garanto, é muito bom.

Uma bela história. Uma incrível trilogia! Senti falta de um epílogo, mas a frase final diz muito do que aconteceu depois:

- Vamos para casa Murphy. Vou preparar seu café da manhã.

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