coisas inalcançáveis,
que se não devem sonhar...
Choram os meus olhos,
castigados por se terem erguido
para lá dos céus que se vêem...
Foram punidas as minhas mãos,
e sangram,
pelo pecado de quererem tocar
aquelas flores maravilhosas
dos teus vergéis...
Morre-me a voz,
de cantar-te,
ó Eleito,
e que eternidades não tem de sofrer
esse pobre, esse mísero canto,
para chegar
do meu coração ao teu!...
Sou triste porque a minha alma
não quer mais nada, do que tem...
Porque a minha alma
não pode ter
nada mais...
Sou triste,
sou triste,
sou triste porque sonhei
coisas inalcançáveis,
que se não devem sonhar!...
(Autora: Cecília Meireles)
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