UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Perto do Coração Selvagem
Sobretudo um dia virá
em que todo meu movimento será criação,
nascimento, eu romperei todos os nãos
que existem dentro de mim,
provarei a mim mesma
que nada há a temer,
que tudo o que eu for será
sempre onde haja uma mulher
com meu princípio,
erguerei dentro de mim
o que sou um dia,
a um gesto meu
minhas vagas se levantarão poderosas,
água pura submergindo a dúvida,
a consciência,
eu serei forte
como a alma de um animal
e quando eu falar serão palavras
não pensadas e lentas,
não levemente sentidas,
não cheias de vontade de humanidade,
não o passado corroendo o futuro!
O que eu disser soará fatal e inteiro!
(Autora: Clarice Lispector)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário