UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

LIVRO: A Filha da Floresta


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Juliet Marillier

Sinopse: Passada no crepúsculo celta da velha Irlanda, quando o mito era Lei e a magia uma força da Natureza, esta é a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho, o soturno Lorde Colum, e dos seus seis amados irmãos.

O domínio de Sevenwaters é um lugar remoto, estranho, guardado e preservado por homens silenciosos e Criaturas Encantadas que deslizam pelos bosques vestidos de cinzento e mantêm armas afiads. Os invasores de fora da floresta, os salteadores do outro lado do mar, os Bretões e os Viquingues, estão todos decididos a destruir o idílico paraíso. Mas o mais urgente para os guardiões é destruir o traidor que se introduziu dentro do domínio: Lady Oonagh, uma feiticeira, bela como o dia, mas com um coração negro como a noite. Oonagh conquista Lorde Colum com os seus sedutores estratagemas,; mas não conseque encantar a prudente Sorcha. Frustrada por não conseguir destruir a família, Oonagh aprisiona os irmãos num feitiço que só Sorcha pode quebrar. Se falhar, continuarão encantados e morrerão!
Então os salteadores chegam e Sorcha é capturada, quando está apenas a meio da sua tarefa... Em breve vai ver-se dividida entre o seu dever, que lhe impõe que quebre o encantamento, e um amor cada vez mais forte, proibido, pelo senhor da guerra que a capturou.

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Não tenho palavras para descrever meus excitados sentimentos para com esta obra-prima. Receio não conseguir descrever aqui todas as sensações agradáveis que tive com a história de Sorcha, sua família, sua força, seu amor. Chorei com seu sofrimento, me arrepiei com a qualidade da trama, perdi o sono na ânsia de ler o máximo possível que os olhos foram capazes de suportar.

E a autora, Juliet Marillier, que dom enorme. Como pude nunca ter ouvido falar dela antes? Tantos anos aventurados em muitos e muitos livros e nunca antes li uma linha sobre tão competente autora. Por que as editoras brasileiras ainda não publicaram seus livros por aqui? Quem é o responsável pela divulgação dos livros dela? Essa pessoa, ou editora, ou sei lá o que, não sabe fazer o seu trabalho.

Juliet escreveu A Filha da Floresta de maneira tão fluente e envolvente que a imagem que fiz foi dela serena, sentada em frente ao computador digitando o que lhe vinha da alma e do coração sem esforço, sem dificuldades, os dedos passeando sobre o teclado sem necessidade de pausa, parece-me que assim que começou só parou quando a história estava completa.

A história é linda, seus personagens humanos e místicos são marcantes e inesquecíveis, sua trama é bem conduzida e eu hei de falar de A Filha da Floresta para todos que conheço, recomendar para meus amigos, divulgar a autora e suas obras e fazer o possível para que mais e mais pessoas tenham o prazer de tal leitura.

Saboreiem dois pequeninos trechos e sintam o poder das palavras:
O padre Brien falando para Fimbar e Sorcha do amor que o pai deles tinha pela esposa, já falecida: "Ainda não conheces a espécie de amor que ataca como um relâmpago; agarra-se-te ao coração, tão irrevogavelmente como a morte; torna-se a estrela pela qual te orientas o resto da tua vida. Não desejo esse amor a ninguém, homem ou mulher, porque pode tornar a vida um paraíso, ou destruí-la. Mas está na natureza da vossa família viver o amor assim."

Red se declarando para Sorcha em frente a toda família dela: "Ter-lhe-ia dito... ter-lhe-ia dito, não interessa se estás aqui, ou ali, porque, para mim, estás sempre presente, a cada momento. Vejo-te na luz da água, no abanar das árvores jovens ao vento da Primavera. Vejo-te nas sombras dos grandes carvalhos, ouço a tua voz no chamamento da coruja, à noite. Tu és o sangue nas minhas veias e no bater do meu coração. Tu és o meu primeiro pensamento, ao acordar e o meu último suspiro antes de adormecer. Tu és... tu és carne da minha carne, sangue do meu sangue."

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