UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nut

Tente me alcançar
Toque em mim
Estou sempre ao seu alcance
Não tente imaginar como sou
porque você não pode
Sou seu presente e
insondável desconhecido
Sou a imensidão do cosmo
que ilumina o céu noturno
Estou além da compreensão humana
na amplidão do meu ser
Sou um mistério
que não pode ser desvendado.

(Autora: Amy S. Marashinsky)


Segundo a gênese egípcia, o mundo primordial era constituído de Água e Caos. Sobre as águas dançava um botão de lótus que ao se abrir libertou Rá, o deus do Sol. Ele chegou para iluminar o Caos inicial e originou seus dois filhos divinos: SHU, o deus do Ar e TEFNET, a deusa da Umidade. Deles nasceram GEB, deus da Terra e NUT, deusa do Céu Noturno, também conhecida como Grande Profundeza, a Abóbada Celestial, que faz nascer o Sol todas as manhãs, para depois devorá-lo à noite. (Nesse contexto, era também considerada a Mãe do Sol que devorava-o ao entardecer e que, todas as manhãs nascia de seu útero, sob a forma de Khepri; o sangue que libertava nesse momento tingia o céu de vermelho na aurora do dia).

Geb e Nut se amaram e permaneceram por longo tempo abraçados. O céu e a terra estavam tão juntos, que não havia espaço para nada crescer ou viver entre eles. Desaprovando o incesto cometido por estes deuses, Rá, ou Sol, ou Deus Supremo, ordenou que Shu, pai deles os separassem. O poderoso deus do Ar, pisou sobre Geb e com as mãos suspendeu Nut acima de seu irmão. Geb debatia-se entre os pés do pai, enquanto que Nut balançava sobre ele, mas não conseguiam chegar a se alcançar.

A Deusa ficou tão brava com seu pai, que ele acabou amaldiçoando-a, para que em nenhum dia dos 360 dias do ano, pudesse dar à luz. Foi ajudada então, pelo Deus Thot, que em um jogo com a Lua, ganhou-lhe a sétima parte de cada uma das suas luminárias. Juntando essas partes, que formavam ao todo cinco dias, acrescentou-as aos trezentos e sessenta dias do ano. Dessa forma Nut pode gerar filhos. No primeiro dia nasceu Osíris; no segundo Hórus (o velho); no terceiro Seth; no quarto Ísis; e no quinto dia, Néftis. Seth casou-se com Néftis e Osíris com Ísis.

Nut se expande nas nossas vidas para lembrar-nos que devemos estar abertos ao mistério. Ela declara que o caminho para totalidade agora está em confiar que o mistério que você compreendeu será exatamente o que você precisa para sua jornada rumo à totalidade. (Nut. In: Oráculo da Deusa)

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