UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Hora de Ser

De repente o sono se acaba,
e os sonhos não voltam mais.
Estamos despertos para a vida,
mas nem sempre estamos acordados para viver.
Muitos ensinamentos foram dados,
mas na hora de colocá-los em prática,
tropeçamos em muitas dificuldades
e esbarramos na distância que separa
o concreto do abstrato.
Aprendemos a estudar,
mas não significa que sabemos as coisas.
Aprendemos a orar, mas orar não significa
que cremos.
Aprendemos a falar,
mas isto não quer dizer que nossas palavras
tenham sentido.
Aprendemos a sorrir,
mas nem sempre significa que estamos alegres.
O muito que aprendemos,
nunca é o bastante diante de tudo que ninguém
pôde nos ensinar.
Não nos ensinaram a chorar,
talvez por isso nossas lágrimas sejam tão sinceras.
Não nos ensinaram a sofrer,
talvez por isso nossos sofrimentos
sejam tão sentidos.
Não nos ensinaram o gosto da derrota,
talvez por isso nos sintamos tão arrasados
quando a vitória foge das nossas mãos.
E o pior disso tudo, é que a vida não pára,
não espera, não recua,
também não dá férias,
nem oportunidade de recuperação,
não se resume em um simples encontro,
nem tão pouco numa viagem de lazer.
De repente o sono se acaba e os sonhos
não voltam mais.
Na vida tudo tem limites, até a fuga.
Um dia, fatalmente iremos deparar
conosco mesmo, sem disfarces,
e diante de nossas próprias consciências,
virá o encontro, talvez o desencontro,
a certeza, ou quem sabe a dúvida,
o orgulho bem como a vergonha,
a vontade seguida ou não do desejo,
a dor, o desespero, o sentimento de perda,
enfim, sempre aparecerão facetas
diferentes de nós; mas uma coisa é essencial:
convém sermos sinceros.
Ou carregamos nossa cruz com esforço
e com dignidade ou nossa cruz nos sufocará,
não que ela seja pesada,
nós é que seremos fracos para suportá-la.

(Autor Desconhecido)

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