UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Asas de Mel


Cola tuas asas e voa
ainda que partidas, voa
uma liberdade te espera
uma lembrança te calcifica
um sonho te confunde
uma saudade te invade
uma distância te chama
uma vitória te grita
uma única verdade te basta.

Cola tuas asas
seca teus olhos
estende novamente os dedos
e deixa escorregar por eles
a suavidade que em ti
permitiram sobreviver.

(Autor Desconhecido)

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