UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olhos do Amor



Em cada dia que passa
Ficas mais cheia de graça
Com teu distinto fulgor
Na minha vida presente
Vejo-te sempre atraente
Aos meus olhos do amor !...

E o tempo qual quimera
Mavioso te fizera
Mais sábia e mais senhora
Mostrando sempre indulgência
Muito agrado e deferência
Da mesma forma que outrora.

Caminhei sempre a teu lado
No rumo por nós sonhado
E por nós dois escolhido...
Sem ter de voltar atrás
Sou feliz porque me apraz
O caminho percorrido !...

Os anos foram passando
Eu por ti fui conservando
Este amor feito paixão
Que mantém sempre virtude
Com a mesma juventude
Aos olhos do coração !...

(Autor: Euclides Cavaco)

Nenhum comentário: