UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sereia



Iça velas, zarpa em teu navio
e navega-me esta noite enamorado
solta o timão, atende ao teu arbítrio
e deixa-te percorrer no mar bravio.

Soçobra por meu mar amotinado,
até encalhar teu corpo junto ao meu
atira a âncora sem medo e calafrio
e sulca as ondas do meu amor molhado.

Apagarei o farol dos grandes mares
alisarei a areia de uma praia
e abraçarei teu corpo renascida.

Fundirei teu navio aos meus pesares
e o teu amor, para que não te afastes
amarrarei com os cabos de minha vida.
 
(Autora: Ceres Marylise)

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