Ao crepúsculo, à hora da tristeza,
Quando passam noivando as andorinhas,
Na sugestiva paz da natureza
Pobre de mim! Sinto saudades minhas.
Um desalento d’alma que entorpece,
Um misto de saudade e apatia.
Banhado em sangue o sol desaparece
E lá se vai com o sol a minha alegria.
Um barulho festivo de asa com asa
Anda pelo alto e em mim – tédio e preguiça.
Da gameleira junto á minha casa
Cai uma folha anêmica e outoniça.
Cantam de longe. É a voz de alguma escrava.
Parece assim plangente e merencória,
A cantiga infantil que me ninava
E que eu guardo no fundo da memória.
A paisagem, num roxo doloroso,
Se desdobra num pálio de ametista.
Como dói o cortejo silencioso
Do pôr do sol num coração de artista!
As águas bolem... Passa de momento
Uma abelha, as antenas de ouro e pólen.
Bolem as folhas no hálito do vento,
Bole minh’alma como as folhas bolem.
Desaparece o sol... De estrada em fora
Há lamúrias e prantos de infortúnio.
Atreva chega... A noite desce... Agora
Brilha, em forma de alfanje, o novilúnio.
(Autor: Olegário Mariano)
Quando passam noivando as andorinhas,
Na sugestiva paz da natureza
Pobre de mim! Sinto saudades minhas.
Um desalento d’alma que entorpece,
Um misto de saudade e apatia.
Banhado em sangue o sol desaparece
E lá se vai com o sol a minha alegria.
Um barulho festivo de asa com asa
Anda pelo alto e em mim – tédio e preguiça.
Da gameleira junto á minha casa
Cai uma folha anêmica e outoniça.
Cantam de longe. É a voz de alguma escrava.
Parece assim plangente e merencória,
A cantiga infantil que me ninava
E que eu guardo no fundo da memória.
A paisagem, num roxo doloroso,
Se desdobra num pálio de ametista.
Como dói o cortejo silencioso
Do pôr do sol num coração de artista!
As águas bolem... Passa de momento
Uma abelha, as antenas de ouro e pólen.
Bolem as folhas no hálito do vento,
Bole minh’alma como as folhas bolem.
Desaparece o sol... De estrada em fora
Há lamúrias e prantos de infortúnio.
Atreva chega... A noite desce... Agora
Brilha, em forma de alfanje, o novilúnio.
(Autor: Olegário Mariano)
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