UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobrevivência


Tudo passa, dor e riso,
venturas em róseo friso,
males que em roxo debruam.
Passam deuses, criaturas,
horas azuis ou escuras,
nuvens que alto flutuam.
Tudo passa, gesto e face,
mas a esperança renasce
. . . e as rosas continuam.

(Autora: Graciette Salmon)

Nenhum comentário: